segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

Logomarcas do ócio







As pessoas compram quando viajam. Mais do que adquirir uma lembrança do lugar visitado, comprar durante as viagens é uma garantia de levar pra casa um produto que ninguém tem. Esse hábito tem feito com que pequenas vilas turísticas venham transformando-se cada vez mais em shoppings open-mall. Passeando por cidades como Jericoacoara(CE), Búzios(RN) e Pipa(RN) tive essa impressão: à parte as belezas naturais desses lugares, as compras vêm se tornando uma atração de peso no pacote turístico.

Como diretor de arte, era impossível não contemplar de maneira especial tal processo de venda. A comunicação dessas lojas com o seu público tem peculiaridades que vale a pena observar e aprender. Do ponto de vista do processo criativo, penso que alguns lojistas depositam não só uma representação do seu produto ou atividade mas também valores pessoais/comunais que somam em muito a identidade de suas marcas. Novidade alguma se não o fizessem instintivamente. Criam em seu micro-ambiente verdadeiros cases de design. Alguns até praticam com grande desenvoltura o que os marketeiros apelidaram de conceito, branding, construção de imagem, etc.

A maioria das logomarcas são feitas a mão, o que contribui bastante na sensação de personalização, exaltando a qualidade de um produto feito fora do processo industrial.
Creio que a crise da eficiência dos meios comunicação de massa e a demanda crescente por ações de comunicação mais personalizadas e originais torna o assunto relevante. Acho que podemos tirar bastante da análise carinhosa dessas marcas e sua relacionamento com os clientes. Clientes esses que andam a pé, tem dinheiro no bolso e compram muito mais por afinidade com a marca do que por impulso, afinal, têm mais tempo para se relacionar com as marcas, os produtos e os proprietários das mesmas. Minha idéia é trazer para O Seixo a análise de algumas marcas que fotografei nesses ambientes turísticos e, assim, compartilhar, abrindo a discussão para todos os participantes do blog. Como esse texto de abertura do tema ficou muito longo, trago aqui apenas uma pequena amostra das marcas. A partir do próximo post, trago marcas com análises, contando, é claro, com a colaboração da comunidade oseixoana(ou seria oseixoense?)

6 comentários:

Rodrigo Romano disse...

Belo post!
abs

RodGanem disse...

É isso aí JP, Think Outside the Macintosh.
E quanto à comunidade, acho que é oseixopolitana. Só pra colocar mais uma opção.

Unknown disse...

MUITO BOM O TEMA, JP... sempre penso sobre o "branding" que rola em locais como esse. E podemos ir até além dos pontos comerciais. A capacidade dos guias de transformar qualquer coisa em ponto turístico também me chama atenção.
Tudo bem, a Pedra furada até tem uma certa cara de cartão postal, mas temos a "arvore da preguiça" (Que nada mais é do que uma árvore caída); "Pedra do frade", e da ultima vez que fui lá, ouvi falar de um "poço da princesa", que não conheci mas tenho certeza que deve ser um buraco no chão. Mas sem gozação... é fabulosa essa maneira de criar lendas e brincar com o imaginário das pessoas que já estão propícias a buscar exotismo naquele local. Eu vivo em Jeri e sempre acabo indo na bendita árvore da preguiça ou entrando numa lojinha simpática com jeitão rústico, mas sempre me pergunto: Será que a árvore caída ou as lojinhas simpáticas ganhariam nosso apreço em meio a correria do dia a dia? E se não... que fatores fazem as pessoas se comportarem de forma tão diferente de um lugar para o outro? Vale a pena refletir sobre isso, afinal, somos um escritório de design do mundo.

Walmor Pamplona disse...

O roteiro da viagem é melhor do que o design das marcas, com certeza!

João Paulo RIbeiro disse...

Pois é...eu vejo que nas cidades cada vez mais se criam lugares style com esse discurso do escapismo. São mini-escapismos, eu diria. Se tomamos como referencia uma subida em Santa Teresa no Rio, uma cerva no Zé do Mangue em Fortaleza ou um passeio naquele quarteirão charmoso cheio de bares rústicos em Natal(esqueci no nome), percebe-se esse busca pelo escape cada vez mais intensa. Nessa correnteza, a estética out of mac se repete e ganha cada vez mais adeptos. Eu não tenho isso como verdade absoluta, claro que há contextos e contextos. Esse é apenas um que eu estudo e vivo. De acordo com com o meu critério designer graáfico até acho alguns feio, mal-feito, etc. Mas me resta a curiosidade em saber se é exatamente esse rústico, imperfeito e, na maioria das vezes, feito por alguém que não entende porra nenhuma de marca, que chama atenção do consumidor. Desconfio que essas imperfeições designistiscas passa um ar de honestidade e originalidade visto que as pupilas urbanóides são cada vez mais bombardeadas com esse critério Think Diferent.

Anônimo disse...

Um grande amigo esteve em Jeri no reveillon. Tecladista, ele foi para tocar em um dos bares da rua principal.
Quando nos encontramos ele me contou que o show foi ótimo e que ele havia conhecido uma galera de outra banda... uma galera de fora e que tb estava com show marcado, eles tocariam na Toca do Índio e convidaram ele para dar uma canja. Diz ele que chegou no lugar, que deve ficar numa daquelas ruazinhas que levam para a duna, e foi recebido por um sujeito branco todo pintado que usava um enorme cocar de penas vermelhas na cabeça... um "verdadeiro" cacique de araque! Será possível?! Think Diferent? Não, Think Cheat!!